16 de fevereiro de 2006

Deus morreu

Por todo o Universo a criatura sente com estranheza a sua ausência e o vazio que a preenche é aborrecido pela natureza.

É forçoso considerarmos o perigo de que os ídolos se instalem nesse infinito vazio. Outro perigo é o do luto a que nos poderá agarrar a nostalgia do tempo da infância.

Deus morreu.


E estamos sós na viagem. Pior ainda é estarmos perdidos, na medida em que perdemos o sentido da viagem.

Os homens eram nómadas e erravam no deserto entre dois paraísos. Ouviam a chamada e iam.

Neste tempo, entre o último homem desaparecido e o sobre-humano, na desolação de não se ser, vagueiam ainda os últimos ecos.

Os ouvidos, porém, são agora apêndices inúteis. Todas as trajectórias no Universo assemelham-se a passeios domésticos.

A bem dizer já nem se pode falar de viagens: andar no tempo é apenas mudar de lugar.

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